segunda-feira, outubro 01, 2012

Minha banda preferida.

Agora que você não está mais aqui, os meus sapatos ficam todos na sala. Assim como tudo mais que eu quiser.
A touca da pessoa ao lado de quem eu acordei há uma semana fica pendurada no cabideiro do quarto. Eu passo por ela e sorrio.
Agora que você não está mais aqui, a casa é toda minha, mas sabe, sempre foi.
Alguém escreveu um recado dizendo que me ama, deixou uma marca de mordida no meu braço. Eu fiz um autorretrato nua na cama de alguém e pendurei na sala.
Agora que não tem mais nada seu, não tem mais aquele medo e a ameaça constante da sua loucura. Não tem o peso, não tem os cacos de vidro no chão. Agora que você não tá mais aqui eu troquei todos os cacos pelo amor das pessoas que eu preciso, e tenho.

Agora que você não tá mais aqui eu ouço minhas músicas preferidas na cama. No chuveiro. O tempo todo. Agora que você não tá aqui, toca música dentro de mim. 


segunda-feira, agosto 20, 2012

I just should mention
Whenever this e.e. cummings poem suits just fine
You're fucked up like a dog.

segunda-feira, maio 16, 2011

Once there was me, once there was you.

Sempre achei algo de doloroso em se querer passar o resto da vida com alguém.
É como atestar que tudo que foi vivido, e tudo que foi amado, não foi o bastante e que duas vidas se apagam em nome do eterno medo de que não seja exatamente isso.

quinta-feira, janeiro 13, 2011

terça-feira, junho 22, 2010

(abrir o peito e deixar o golpe entrar)

Hoje me dei conta de que em algum momento tudo caiu. Enquanto caminhava certa mas sem pressa, na garoa nojenta que só cai nessa cidade, eu me dei conta.
Ali, junto com a garoa, caiu qualquer resistência. Qualquer certeza ou incerteza, pânico, fobia ou qualquer outra coisa que acumulei ou construí pra cuidar de mim.
Na garoa, frio, 10 graus célsius nessa maldita cidade, ali perto de onde eu amanheci do teu lado pela primeira vez, eu me senti livre.
Quinhentos e quarenta e sete quilos a menos no ombro, um tanto de saudade e alguns dias faltando pra eu poder sorrir.
Foi hoje que caiu tudo. Que eu decidi deixar o golpe entrar e te gravar um disco de músicas bregas que contam um tanto sobre mim.

terça-feira, junho 15, 2010

Sobre o tempo ou the lost art of keeping anything

Eu te espero como espero alguém que foi até a padaria e já volta. Espero te encontrar e estar com o cabelo bom. E sem me importar com o casaco manchado. Eu espero que você goste das mangas puxadas sobre as mãos, espero que não esqueça de me abraçar quando estiver frio, nunca.

Torço pra quando você chegar eu não pensar no que já passou. E nem você. Imagino uma distância que não precisa ser segura. Imagino que você possa viajar por meses e eu sinta somente saudade.

Quando você chegar, eu vou pesar 3 kg a menos ou deixarei de achar que todo mundo se importa com isso. Vou me sentir em casa mesmo quando estiver de tpm. Vou ter certeza de que é isso, mudar de cidade tranquilamente, pensar que um emprego é só um emprego.

No dia em que você chegar eu não vou mais estragar tudo. Nem por medo, nem por irresponsabilidade, nem por preguiça, nem por insegurança, nem por intolerância, nem por não saber como agir.

Se um dia você chegar vai só ficar tudo bem. Eu te espero como espero alguém que foi até a padaria, mas você nunca esteve aqui.

segunda-feira, junho 07, 2010

Sobre a saudade

Por dois minutos, e não mais que isso, voltar pra uma noite chuvosa de sábado. As garrafas geladas, os lábios idem, as mãos na cintura. Uns sorrisos perdidos, o caminhar sem jeito.
Por dois, três, cinquenta e quatro minutos, não mais que isso, fechar os olhos e só conseguir pensar em um sorriso que veio entre uma conversa sobre o Marrocos, algum gole a mais, a menos, lábios idem.
Voltar ao início. Passear tímida pela noite quente, as músicas no ouvido, pés frios, o pôster da Björk na parede. Por dois minutos, três semanas, quinhentos e quarenta e sete meses, só isso, uma vida inteira, uma eternidade, é só, fechar os olhos e lembrar sorrindo. Tamanha a saudade.

segunda-feira, abril 19, 2010

1. Medo de chegar em algum lugar e você estar lá;
2. Medo de você pedir meu número de telefone pra nunca usá-lo;
3. Medo de doenças incuráveis;
4. Medo de engordar 10 kg;
5. Medo de pessoas;
6. Medo de me apaixonar perdidamente por alguém que nem lembre o meu nome;
7. Medo de me apaixonar perdidamente por alguém que saiba exatamente quem eu sou;
8. Medo de nunca mais acordar do seu lado;
9. Medo de ter trocado seu nome quando estava bêbada;
10. Medo de não ser o bastante.

sábado, abril 17, 2010

sexta-feira, abril 09, 2010

"Passou devagar os dedos sobre os pêlos crespos do peito dele. Se houvesse mais luz, agora poderia ver os pêlos se adensando grisalhos em direção ao umbigo, e quem sabe até mesmo sentir então o que sentia sempre: aquela espécie de piedade comovida, semelhante a algo que tinham dito, certa vez, chamar-se carinho, ternura, amor ou qualquer outra coisa dessas. Mas no escuro, apenas sentindo os pêlos macios e frágeis cedendo sob a pressão das pontas de seus dedos, assim, agora: não sentia nada. Uma secura como a do cigarro que tragou novamente, queimando com raiva a garganta. Tossiu."
The bottom line


Sigo me perdendo entre sinais e esperanças e entre as bebidas que você me traz intactas, religiosas e convincentes. E no medo que eu tenho de ser somente meu gosto pelo incerto.